Ensaio Sobre a Cegueira

quarta-feira, 18 de março de 2009

O mestre da literatura cedeu à sétima arte o desafio de transformar visual uma de suas obras literárias mais aclamadas. José Saramago, escritor português contemplado com o prêmio Nobel de Literatura, não gostava da idéia de ter suas obras transformadas em filmes, quem obteve sucesso nessa empreitada foi o brasileiro Fernando Meirelles.
Saramago por si só já é singular em suas escritas, junte isso o “sutil escárnio” marcante dos filmes de Fernando Meirelles(Cidade de Deus, The Constant Gardener) e terá uma idéia da profundidade do filme "Ensaio Sobre a Cegueira " (Blindness) baseado no livro homônimo.
A historia é a respeito de uma pandemia de cegueira branca sem previstos. A fotografia do filme é a principal responsável por passar isso com perfeição. Com um contexto bastante apropriado, o enredo começa a mostrar o individualismo e a desmoralização do ser humano, expondo como seriamos uma sociedade medíocre caso as barreiras de caráter e humanidade fossem rompidas, ou seja, o homem no seu íntimo.
A sobrevivência começa a manifestar-se acima de qualquer bom senso, e entre degradação e a claustrofobia passada pelo filme, você se vê a assistir um ensaio sobre o lado mais cruel e primitivo do ser humano, sobre uma visão bem pessimista é claro, mas não menos fundamentada.
Para quem gosta de uma boa fotografia e um enredo ainda melhor contando com atores poucos conhecidos, vale a pena assistir.

Assisti este filme em um final de semana qualquer, o que me fez comentar sobre ele foi que avistei uma reportagem no site da BBC falando que no Afeganistão, famílias trocam filhas por um bom casamento e conseqüentemente a pança cheia, e isso nos leva a uma cena do filme onde acontece um “estupro coletivo” em troca de alguns fardos de comida que esta escassa. Parece escroto, mas no fundo é apenas o homem manifestando seus instintos naturais em sua cegueira branca.

Reportagem na integra

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